domingo, 29 de novembro de 2009

Consequências da saudade

Arrancaste meu coração
Plantaste nele uma imensa saudade
A saudade cresceu semelhante a uma árvore de trevas
Cravou suas raízes nas artérias
E sorveu até a última gota de sangue
Agindo como um vampiro da alma
Converteu o sangue em flores, mas não em flores lindas
Horrendas rosas de pétalas murchas
Delas exalava um odor fétido, putrefaço
Transformou o coração em terra seca
Aquela terra repleta de fendas
Como se fosse possível separá-las em peças de um quebra-cabeça
Assim está meu coração: em pedaços
Existe, atualmente, algo que o alivia
É uma chuva, a qual vem para sustentá-lo provisoriamente
E continuando a abastecer com força esta saudade
São lágrimas que rolam como chuvas torrenciais
Já que os olhos se fecharam para esconder a tristeza
Elas inundam todo o interior deste ser
Tornando-se, assim, a única fonte de sobrevivência desta alma
Uma fonte dolorosa
Amarga, igual a vinagre
Como termina tudo isso?
Talvez essas lágrimas transbordem
Inundem toda a alma, derrubem a árvore,
E acabem com tudo
Inclusive, com estas melancólicas palavras...
Palavras as quais não queriam acabar.